1967
Capa do disco Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.
Entre tantos ícones da 'cultura ocidental', como Bob Dylan, Karl Marx, David Livingstone, Oscar Wilde, Lewis Carroll, Marilyn Monroe e William Burroughs, e da 'cultura oriental', os gurus indianos, figura Edgar Allan Poe.
Capa do disco Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.
Entre tantos ícones da 'cultura ocidental', como Bob Dylan, Karl Marx, David Livingstone, Oscar Wilde, Lewis Carroll, Marilyn Monroe e William Burroughs, e da 'cultura oriental', os gurus indianos, figura Edgar Allan Poe.
Por que Poe, o autor de Os assassínios da rua Morgue, foi escolhido para compor a fotografia desse lendário e psicodélico disco dos Beatles? No encarte do Compact Disc há indícios que permitem supor as razões para essa aparição. Lá, Peter Blake, o artista autor da capa, dá referências sobre a produção do cenário e da fotografia.
"Os Beatles já tinham uma capa desenhada por um grupo holandês chamado "The Fool", mas o relações públicas da minha galeria, Robert Fraser, falou para o Paul "Por que você não chama um 'fine artist', um professional para fazer a capa?" Paul gostou da ideia e eu fui convidado para produzi-la. O conceito do álbum já estava bem desenvolvido: seria como se os Beatles fossem outra banda se apresentando num concerto. Paul e John disseram-me que eu deveria imaginar que a banda havia simplesmente terminado a apresentação, talvez em um parque. Então eu pensei que poderia haver uma multidão atrás deles e isso acabou se desenvolvendo na ideia da colagem.
Eu pedi que eles fizessem uma lista com os nomes das pessoas que gostariam de ter na audiência desse concerto imaginário. A lista do John foi interessante porque incluía Jesus e Gandi e, mais cinicamente, Hitler. Mas, estando apenas há alguns meses do furor americano sobre a frase de John a respeito de Jesus, esses personagens foram deixados de fora. A lista do Georg era só de gurus. O Ringo falou: "O que os outros decidirem está bom para mim", ele realmente não queria amolação. Robert Fraser e eu também fizemos nossas listas. Depois, fizemos as fotografias em tamanho real, recortamos e colamos em grandes compensados."*
"Os Beatles já tinham uma capa desenhada por um grupo holandês chamado "The Fool", mas o relações públicas da minha galeria, Robert Fraser, falou para o Paul "Por que você não chama um 'fine artist', um professional para fazer a capa?" Paul gostou da ideia e eu fui convidado para produzi-la. O conceito do álbum já estava bem desenvolvido: seria como se os Beatles fossem outra banda se apresentando num concerto. Paul e John disseram-me que eu deveria imaginar que a banda havia simplesmente terminado a apresentação, talvez em um parque. Então eu pensei que poderia haver uma multidão atrás deles e isso acabou se desenvolvendo na ideia da colagem.
Eu pedi que eles fizessem uma lista com os nomes das pessoas que gostariam de ter na audiência desse concerto imaginário. A lista do John foi interessante porque incluía Jesus e Gandi e, mais cinicamente, Hitler. Mas, estando apenas há alguns meses do furor americano sobre a frase de John a respeito de Jesus, esses personagens foram deixados de fora. A lista do Georg era só de gurus. O Ringo falou: "O que os outros decidirem está bom para mim", ele realmente não queria amolação. Robert Fraser e eu também fizemos nossas listas. Depois, fizemos as fotografias em tamanho real, recortamos e colamos em grandes compensados."*
Arte da capa: Peter Blake
Fotografia: Michael Cooper
*Tradução livre
Fotografia: Michael Cooper
*Tradução livre
Nascido no ano de 1809 nos Estados Unidos, Poe perambulou por ruas e cidades americanas até que foi encontrado moribundo em Baltimore, 1849. Filho de um casal de atores, ficou orfão aos 3 anos de idade, sendo adotado por um tio rico. Essa situação não lhe assegurou um lugar na alta sociedade norte-americana, pois ela só lhe teria sido garantida se seu comportamento se adequasse aos costumes daquele padrão social.
Poe causou.
Desistiu da academia do conhecimento, foi expulso da academia militar. Se embrenhou na multidão.
Escreveu poemas, contos e crítica literária, foi editor da revista Southner Literary Messenger, da Graham's Magazine, trabalhou em jornais.
Hoje é cânone literário e historiador da modernidade.
Poe causou.
Desistiu da academia do conhecimento, foi expulso da academia militar. Se embrenhou na multidão.
Escreveu poemas, contos e crítica literária, foi editor da revista Southner Literary Messenger, da Graham's Magazine, trabalhou em jornais.
Hoje é cânone literário e historiador da modernidade.
Também na multidão do Sargent Pepper's perambula Edgar Allan Poe, autor do conto-crônica "O homem da multidão", escrito em 1844.
Uma alegoria da modernidade, o conto conta a história de um flâuner em ação. Na realidade, é o próprio flâuner, observador da urbes, quem narra sua experiência de observação: a multidão em trânsito.
O personagem narra uma história ocorrida há não muito tempo antes nas ruas de Londres. Londres, a populosa Londres. Cidade industrial, inflada de operários, ex-campônios. Poluída, fétida, local onde as doenças respiratórias desenvolviam-se com facilidade. A Londres de William Blake.
Uma alegoria da modernidade, o conto conta a história de um flâuner em ação. Na realidade, é o próprio flâuner, observador da urbes, quem narra sua experiência de observação: a multidão em trânsito.
O personagem narra uma história ocorrida há não muito tempo antes nas ruas de Londres. Londres, a populosa Londres. Cidade industrial, inflada de operários, ex-campônios. Poluída, fétida, local onde as doenças respiratórias desenvolviam-se com facilidade. A Londres de William Blake.
Maria Siqueira Santos