domingo, 27 de setembro de 2009

Poe: o homem da multidão

1967
Capa do disco Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.



Entre tantos ícones da 'cultura ocidental', como Bob Dylan, Karl Marx, David Livingstone, Oscar Wilde, Lewis Carroll, Marilyn Monroe e William Burroughs, e da 'cultura oriental', os gurus indianos, figura Edgar Allan Poe.

Por que Poe, o autor de Os assassínios da rua Morgue, foi escolhido para compor a fotografia desse lendário e psicodélico disco dos Beatles? No encarte do Compact Disc há indícios que permitem supor as razões para essa aparição. Lá, Peter Blake, o artista autor da capa, dá referências sobre a produção do cenário e da fotografia.

"Os Beatles já tinham uma capa desenhada por um grupo holandês chamado "The Fool", mas o relações públicas da minha galeria, Robert Fraser, falou para o Paul "Por que você não chama um 'fine artist', um professional para fazer a capa?" Paul gostou da ideia e eu fui convidado para produzi-la. O conceito do álbum já estava bem desenvolvido: seria como se os Beatles fossem outra banda se apresentando num concerto. Paul e John disseram-me que eu deveria imaginar que a banda havia simplesmente terminado a apresentação, talvez em um parque. Então eu pensei que poderia haver uma multidão atrás deles e isso acabou se desenvolvendo na ideia da colagem.
Eu pedi que eles fizessem uma lista com os nomes das pessoas que gostariam de ter na audiência desse concerto imaginário. A lista do John foi interessante porque incluía Jesus e Gandi e, mais cinicamente, Hitler. Mas, estando apenas há alguns meses do furor americano sobre a frase de John a respeito de Jesus, esses personagens foram deixados de fora. A lista do Georg era só de gurus. O Ringo falou: "O que os outros decidirem está bom para mim", ele realmente não queria amolação. Robert Fraser e eu também fizemos nossas listas. Depois, fizemos as fotografias em tamanho real, recortamos e colamos em grandes compensados."*

Arte da capa: Peter Blake
Fotografia: Michael Cooper

*Tradução livre

Nascido no ano de 1809 nos Estados Unidos, Poe perambulou por ruas e cidades americanas até que foi encontrado moribundo em Baltimore, 1849. Filho de um casal de atores, ficou orfão aos 3 anos de idade, sendo adotado por um tio rico. Essa situação não lhe assegurou um lugar na alta sociedade norte-americana, pois ela só lhe teria sido garantida se seu comportamento se adequasse aos costumes daquele padrão social.
Poe causou.
Desistiu da academia do conhecimento, foi expulso da academia militar. Se embrenhou na multidão.
Escreveu poemas, contos e crítica literária, foi editor da revista Southner Literary Messenger, da Graham's Magazine, trabalhou em jornais.
Hoje é cânone literário e historiador da modernidade.

Também na multidão do Sargent Pepper's perambula Edgar Allan Poe, autor do conto-crônica "O homem da multidão", escrito em 1844.
Uma alegoria da modernidade, o conto conta a história de um flâuner em ação. Na realidade, é o próprio flâuner, observador da urbes, quem narra sua experiência de observação: a multidão em trânsito.
O personagem narra uma história ocorrida há não muito tempo antes nas ruas de Londres. Londres, a populosa Londres. Cidade industrial, inflada de operários, ex-campônios. Poluída, fétida, local onde as doenças respiratórias desenvolviam-se com facilidade. A Londres de William Blake.

Edgar Allan Poe
(1809-1849)

Maria Siqueira Santos
Canhoto?
Destro?
Desleixo ou estilo literário?
Daguerreótipo?
Poe em bico de pena. Anônimo. Photoshop ou reprodução de original?

Edgar Allan Poe




Edgar Allan Poe em daguerreótipo de 1848, por W. S. Hartshorn.

Dupin, le historien













Auguste Dupin, o detetivo de Edgar Allan Poe, troca a carta roubada: ciência ou perspicácia?


Disciplina: Métodos e Técnicas de Pesquisa
Código: 2 HIS 086
Créditos: 04
Carga Horária: 60h/a
Professor: Rogério Ivano

Ementa: Reflexão sobre os fundamentos teórico-metodológicos na pesquisa em história.

Objetivos:
Relacionar teoria e metodologia na pesquisa e escrita da história.
Identificar propostas metodológicas de pesquisa.
Elaborar quadro metodológico da pesquisa.

Metodologia:
Aula expositiva; leitura e análise de textos, estudo de filmes e imagens, audição de músicas, pesquisa em documentos, etc; orientação metodológica individual e em grupo.

Atividades discentes:
Participação nos exercícios em sala de aula; elaboração de papers, prova escrita, prova oral, fichamentos, resumos e resenhas; apresentação de seminários e outras atividades expositivas.

Bibliografia/Plano de Curso:

1. LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novos problemas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

2. ________________ História: novas abordagens. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

3. ________________ História: novas perspectivas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

4. MALERBA, Jurandir (Org.). A velha história: teoria, método e historiografia. Campinas: Papirus, 1996.
5. CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Orgs.). Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

6. GREENBLATT, Stephen. O novo historicismo: ressonância e encantamento. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 4, no. 8, 1991.

7. GRAFTON, Anthony. Notas de rodapé: a origem de uma espécie. In: As origens trágicas da erudição. Campinas, SP: Papirus, 1998.

8. WHITE, Hayden. O texto histórico como artefato literário. In: Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: Edusp, 1994.

9. DE CERTEAU, Michel. Escritas e histórias. In: A escrita da história. 2ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

10. FOUCAULT, Michael. Nietzsche, a genealogia do poder. In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1993.

11. VEYNE, Paul. Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história. Brasília: UnB, 1998.

12. FORTES, Alexandre. “Miríades por todo a eternidade”: a atualidade de E. P. Thompson. Tempo Social, São Paulo, vol. 18, n. 1, 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ts/v18n1/30014.pdf.

13. REVEL, Jacques. Microanálise e construção do social. In: REVEL, J.(org.). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.

14. GINSBURG, Carlo. Prefácio à edição italiana. In: O queijo e os vermes. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

15. __________ "O inquisidor como antropólogo: uma analogia e as suas implicações". In: A micro-história e outros ensaios. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991

16. KOSELLECK, Reinhardt. Uma história dos conceitos: problemas teóricos e práticos. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 134-146.


BIBLIOGRAFIA GERAL

ARÓSTEGUI, Julio. A pesquisa histórica. Bauru, SP: Edusc, 2006.

MALERBA, Jurandir (org.) A história escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006.

BARROS, José D'Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens 3ª. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

PINSKY, Carla Bassanezi.(org.) Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.

RÜSEN, Jörn. Teoria da história: os fundamentos da ciência histórica. Brasília: Editora UNB, 2001.

SIMIAND, François. Método Histórico e Ciência Social. Bauru, SP: Edusc, 2003.

BOUTIER, Jean & JULIA, Dominque. Passados recompostos: campos e canteiros da História. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1998.

DIEHL, Astor Antônio. Do método histórico. 2 ed. Passo Fundo: UFP, 2001.

SAMARA, Eni de Mesquita & TUPY, Ismênia S. Silveira T. História & Documento e metodologia de pesquisa. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.